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Fissura Anal

O que é?

Fissura anal nada mais é do que um “corte”, uma ferida na região do ânus. Geralmente é uma ferida superficial e externa, podendo ser detectada ao exame médico simples. Entretanto, trata-se de uma lesão geralmente muito dolorosa, sendo comum o diagnóstico ser retardado, seja por dor do paciente, que impede o exame inadequado da região, seja por medo do exame.

É uma patologia extremamente comum (11-13% das doenças do ânus), principalmente entre adultos jovens, embora muitos pacientes tenham vergonha ou nem saibam que tem o problema e só detectam quando procuram o médico após múltiplas tentativas de tratamento inespecífico e piora progressiva da dor.

Quais as causas?

Ocorre geralmente na vida adulta e está na grande maioria das vezes diretamente relacionada ao traumatismo da região anal (90% dos casos), principalmente ao esforço evacuatório – seja pela força que se faz ao ir ao banheiro, seja pela passagem de fezes duras e ressequidas que “rasgam” a mucosa da região, seja por diarreia excessiva, seja por traumatismo durante a passagem de papel higiênico seco após a passagem de fezes numa pele já frágil. Mais raramente, está relaciona ao ato sexual, (na mulher mais em região anterior) e trauma pós-parto. Muito mais dificilmente tem relação com doenças específicas (DST’s, tuberculose, doença inflamatória intestinal), mas são acompanhadas de outros sinais e sintomas, inclusive fora da região anal.

Quais os sintomas?

O principal sintoma é a dor as evacuações, com a sensação de algo “rasgando” na região do ânus a passagem das fezes.  Sua localização fica na maioria das vezes na região mediana posterior do ânus. Esta dor pode estar presente apenas no ato de evacuar, ou permanecer até minutos após a evacuação. Em casos crônicos ou mais graves, a dor pode se tornar permanente, impedindo as atividades.  Outro sintoma bem comum é o sangramento, geralmente em fita, que recobre as fezes por fora, podendo gotejar no vaso ou sujar o papel higiênico. Por vezes prurido, incomodo em certas posições ao sentar podem ser sentidos.

De todas as doenças do ânus, com certeza a fissura anal é uma das mais incômodas para o paciente, causando muito sofrimento. Mesmo nos casos mais leves, a dor pode causar um espasmo da musculatura do ânus (espasmo esfincteriano) e consequente dificuldade de evacuar, o que piora cada vez mais a dor e a própria fissura, necessitando de tratamento específico.

Como tratar?

O tratamento da fissura vai depender do seu tempo de evolução e de certas características.

fissura anal aguda é um corte mais superficial, portanto mais fácil de ser tratado. Já a fissura anal crônica (geralmente quando a ferida está presente por mais de 6 semanas), é mais profunda e exige um tratamento mais prolongado, com uso de pomadas por maior período de tempo e até mesmo cirurgia.

Em todos os casos, independente do tempo, é primordial evitar o trauma durante a passagem das fezes. A constipação intestinal (“intestino preso”) muitas vezes causa ou agrava a fissura. Recomenda-se a utilização de uma dieta baseada em fibras e emolientes (amolecedores) das fezes para se reduzir o trauma no canal anal durante as evacuações, além de ingerir bastante água( pelo menos 2 litros por dia).

As medidas gerais e hábitos de higiene, também são importantes no tratamento, tais como: banhos de assento com água morna, eliminação do uso de papel higiênico, evitar manipulação exagerada da região após evacuação, e fazer evacuações rápidas, sem longos períodos no vaso sanitário, sem esforço evacuatório prolongado.

Os banhos de assento (sentar em água morna) com temperatura próxima dos 40 graus ajudam a relaxar a musculatura esfincteriana interna e o uso de medicações para a dor e pomadas anestésicas reduzem o desconforto, bem como melhoram a vascularização da região, permitindo a cicatrização.

Após todas essas medidas higiênico-dietéticas serem seguidas é que será possível classificar uma fissura como “resistente” ao tratamento. Geralmente, 80-90% dos casos podem ser resolvidos com essas medidas e com cpomadas locais. Com o início do tratamento adequado, há uma resposta dentro de 2 semanas.

A fissura que se mantém resistente ao tratamento por mais de seis semanas é classificada como crônica, e geralmente exige algum tratamento cirúrgico. Geralmente não se pode apontar uma causa única que seja responsável pela cronicidade da fissura anal, mas sabe-se que a maioria desses pacientes possuem um esfíncter interno mais hipertônico (com uma contração involuntária anormal e constante), que aperta aquela ferida constantemente e a impede de cicatrizar. Quando a lesão é bem definida, existem alterações anatômicas na região que podem ser vistas: bordos irregulares, base endurecida, plicoma sentinela (dobras de pele na borda anal), papila anal hipertrófica (nódulos de mucosa de dentro do canal anal). Em graus mais avançados, pode se transformar em fístula, um trajeto parcialmente fechado no local da ferida.

Em todos esses casos é fundamental a avaliação de cirurgião especialista – Proctologista. Não use medicação por conta própria, consulte seu médico.

Orientações para Fissura Anal

Cuidados Gerais - Medidas Dietéticas

Beba bastante líquido, por volta de 2 litros ou mais; Inclua sucos naturais, distribuídos em 5 a 6 tomadas e de preferência longe das refeições.

Alimente-se se em horários regulares (a cada 3 horas) e mastigue bem os alimentos; isso incentiva o intestino a funcionar melhor.

Prefira refeições com classes de alimentos mais variadas (verduras, legumes, sementes) e ricas em frutas com bagaço, (mamão, ameixa, manga, laranja e mexerica), verduras e cereais;

Respeite a necessidade diária de fibras – 20 a 30g (LISTA ABAIXO)

Evitar

Alimentos com poucas fibras (constipantes) em excesso como: massas, farinhas, arroz branco, doces, gelatinas e maçãs sem a casca.

Evite bebidas alcóolicas, chocolate, café em excesso e alimentos que levem a uma produção excessiva de gases, como brócolis, cebolas, couve-flor, feijão.

Condimentos (molhos picantes, vinagre, pimentapimentão, picles, ketchupmostarda, etc.), frutos do mar, cafés, enlatados e conservas.

Cuidados Específicos

Evite usar o papel higiênico diretamente na região após a evacuação. De preferência, faça a higiene com jato fraco de água (ducha ou bidê) e se possível lave delicadamente com sabão neutro de glicerina e seque com toalha (preferência) ou papel higiênico.

Não segure a vontade de evacuar.  Tente estabelecer um horário regular para evacuar, de preferência após uma refeição.

Não demore muito tempo na evacuação. Quando der vontade sente e faça. Isso vai permitir seus reflexos melhorarem com o tempo.

Evitar distrações durante a evacuação, como falar ao telefone, ver TV, conversas, leituras e etc. Evite o esforço demorado e desnecessário.

Tome as medicações para dor conforme orientações do seu médico. A dor piora os reflexos da região e fazem a evacuação ser mais difícil.

Atente-se a posição ao sentar no vaso, para facilitar a evacuação (posição de bumbum “empinado” é a correta). Se possível com banquinho elevando e fletindo a coxa.

Prefira alimentos ricos em fibras que auxiliam no funcionamento intestinal

PRINCIPAIS TIPOS DE FIBRAS: Aveia, Cevada, Granola, Linhaça, Gérmen de trigo.

 Esta tabela mostra a quantidade média de fibras que contém os alimentos mais comuns.

INGERIR EM MEDIA 25-30 GRAMAS POR DIA

Hortaliças

  • Agrião cru – 1 pires de chá = 0,4g
  • Alface – 3 folhas = 0,9g
  • Brócolis cozido – 3 ramos = 1,5g
  • Chuchu cozido – ½ xícara de chá = 0,5g
  • Couve cozida – ½ xícara de chá = 1,0g
  • Couve crua – 1 xícara de chá = 1,01g
  • Couve-flor cozida – 3 colheres sopa = 1,0g
  • Espinafre cozido – ½ xícara de chá = 0,4g
  • Palmito em conserva – ½ xícara de chá = 0,6g
  • Pepino – 5 rodelas = 0,4g
  • Repolho cozido – ½ xícara chá = 1,1g
  • Repolho cru – ½ xícara chá = 0,8g
  • Tomate cru – 1 unid média = 1,0g
  • Vagem cozida – ½ xícara chá = 1,1g

Leguminosas

  • Abóbora cozida – 1 pires chá = 2,24g
  • Abobrinha cozida – 1 unid pequena = 0,8g
  • Beterraba cozida – 1 unid média = 1,4g
  • Cenoura crua- 1 unid = 0,9g
  • Cenoura cozida – 1 unidade = 1,2g
  • Mandioca cozida – ½ xícara cha = 2,2g
  • Mandioquinha – 1 unidade = 2,51g
  • Broto de feijão – ½ xícara de chá = 0,3g
  • Ervilha seca – ½ xícara de chá = 2,0g
  • Ervilha enlatada – 2 colheres sopa = 1,8g
  • Feijão carioca cozido – 1 concha = 7,22
  • Feijão mulatinho cozido – 1 concha = 3,9
  • Feijão branco cozido – ½ xícara de chá = 2,8g
  • Feijão roxinho cozido – 1 concha = 4,79g
  • Feijão fradinho – 1 concha = 3,44g
  • Feijão preto cozido – 1 concha = 5,38g
  • Grão de bico – ½ xícara de chá = 2,6g

FRUTAS - com a casca e sem a semente

  • Abacaxi – 2 colheres sopa = 0,1g
  • Ameixa fresca – 1 fatia média = 1,1g
  • Ameixa preta fresca – 1 unidade média = 0,2g
  • Banana – 4 unidades = 0,51
  • Caqui – 1 unid média = 2,49g
  • Coco ralado fresco – 1 unid média = 2,49g
  • Figo – 2 colheres sopa = 1,11g
  • Goiaba com casca – 4 unidades = 2,4g
  • Laranja – bagaço – 1 unid média = 5,04g
  • Maçã com casca – 1 unid média = 2,6g
  • Mamão papaya – 1 unid média = 3,5g
  • Manga – ½ unidade = 0,85g
  • Pêra – 1 unid média = 0,7g
  • Pêssego – 1 unid média = 2,5g
  • Tangerina – 1 unid média = 0,56g
  • Morango – 1 xícara de chá = 3,0g
  • Melão – ¼ unid = 1,0g
  • Melancia – 1 xícara chá = 0,4g
  • Suco de mamão – ½ xícara chá = 0,8g
  • Suco de laranja – ½ xícara chá = 0,5g
  • Uva comum – 1 cacho pequeno = 0,61g
  • Uva passa – 2 colheres sopa = 3,0g

OLEAGINOSAS

  • Amêndoa torrada – ½ xícara de chá = 2,85g
  • Amendoim salgado – ½ xícara de chá = 3,0g
  • Castanha de caju – 15 unidades = 0,16g
  • Castanha do Pará – 10 unidades = 0,69g
  • Noz – 15g = 0,24g
  • Semente de abóbora – 20g = 7,18g

CEREAIS

  • Amido de milho cru – 2 colheres sopa = 1,3g
  • Arroz branco cozido – ½ xícara de chá = 1,15g
  • Arroz integral cozido – ½ xícara de chá = 1,7g
  • Aveias flocos crua – 2 colheres sopa = 1,9g
  • Aveia flocos cozida – 2 colheres sopa = 0,6g
  • Biscoito de polvilho – 1 xícara de chá = 0,92g
  • Bolacha água e sal – 4 unidades = 2,4g
  • Farelo de aveia cru – 2 colheres sopa = 1,4g
  • Farelo de aveia cozida – 2 colheres sopa = 0,9g
  • Farinha de aveia crua – 2 colheres sopa = 2,0g
  • Farinha de aveia cozida – 2 colheres sopa = 0,8g
  • Farinha de centeio crua – 2 colheres sopa = 5,5g
  • Farinha de milho crua – 2 colheres sopa = 0,7g
  • Farinha de trigo – 2 colheres sopa = 0,12g
  • Farinha de trigo integral – 2 colheres sopa = 0,8g
  • Farinha mandioca crua – 2 colheres sopa = 3,1g
  • Fécula de batata cozida – 2 colheres sopa = 0,6g
  • Farinha de soja – 2 colheres sopa = 1,6g
  • Flocos de arroz – 2 colheres sopa = 2,1g
  • Flocos de milho – 1 xícara de chá = 2,1g
  • Fubá de milho cozido – 2 colheres sopa = 1,18g
  • Germe de trigo – 2 colheres sopa = 4,9g
  • Macarrão – 1 prato raso = 2,0g
  • Macarrão integral – 1 prato raso = 2,2g
  • Milho de canjica – ½ xícara de chá = 3,7g
  • Milho verde enlatado – ½ xícara de chá = 2,0g
  • Pão francês – 1 unidade = 3,1g
  • Pão de forma – 1 fatia = 0,9g
  • Pão italiano – 1 fatia grande = 0,13g
  • Pão centeio – 1 fatia = 1,8g
  • Pão integral – 1 fatia = 1,8g
  • Pão diet – 1 fatia = 1,9g
  • Pão de milho – 1 fatia = 1,4g
  • Pipoca – 1 xícara de chá = 2,0g
  • Pinhão – ½ xícara de chá = 3,49g
  • Trigo de quibe – 2 colheres sopa = 5,2g
  • Soja cozida – 1 colher de sopa = 1,2g

Ênfase em atendimento humanizado, prático e explícito aos seus pacientes.